O Estranho
Quem é esse que me açoita com palavras
Que eu mesmo não diria a quem menos amasse
Que me atira flores entumecidas
Como se fossem pedras a ocupar o espaço
Em torno de mim
Que me incendeia as asas e se regala
Com o calor das chamas que emana delas
Este que se achega a mim feito uma sombra vadia
Em cuja presença nefasta eu me apavoro
Que me possui a carne e faz dela um leito
E, uma vez lá, semeia árvores que não crescem
À Luz do Dia
De cujos galhos não se colhem frutos
E sobre os quais se penduram aves estranhas
Este que me sorri com os dentes caninos
Que me enche de sangue as pálpebras
E do que escorre delas preenche as taças
De uma ceia da qual não farei parte?
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