A Busca Vã

Fui em busca da chama que me guiasse através dos círculos
Que se agigantavam em torno de mim
E onde pudesse aquecer a alma pródiga
E prodígia
Hibernada no limiar da angústia que dela se apossou
Com seu hálito de noturnos teores

E não encontrei nada mais que a gaze da névoa entre os vales
Que foram cúmplices fiéis de meus passos viciosos

Nada que desta chama imaculada anunciasse pálida vertigem
Nada senão candelabros estéreis povoando as colinas
Feito árvore em cujos galhos não se agitam o pássaro ou a planta

Ah, eu clamei por auxílio nas horas consagradas ao temor
E constatei que os anjos aos quais me fiei desde há tempos
Compartilham todos a dádiva da surdez
E enquanto sobrevoam os céus feito aves do desterro
Vejo que seus vultos amorfos se atiram desoladas
Semeando sombras por todo o campanário

Fui em busca da virgem que me cedesse o útero ao exílio
E deparei-me com larvas há muito inquilinas
Percorri por fim os caminhos do alto e pus-me a colher estrelas
No espaço entre elas
Mas o brilho que do seio delas se desprendia não se deteve
Ante o toque profano dos olhos que trazia nas mãos

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